Edição Assírio e Alvim
💎 7€
🗞 75 páginas
Depois da novela A Lenda do Santo Bebedor, em que Joseph Roth conta a história milagrosa de um vagabundo polaco a viver no gelado desabrigo das pontes do Sena, apresenta-se aqui mais uma história, desta vez de um judeu singular — o comerciante de corais Nissen Piczenik. Escrita em 1934, no exílio francês, e publicada postumamente em 1940 pelo editor holandês de origem portuguesa Emanuel Querido, a novela descreve a vida simples e honesta de Piczenik na pequena cidade de Progrody, perdida e isolada no limite extremo do império Austro-Húngaro. Não obstante a convivência quotidiana com os corais — a sua verdadeira razão de ser —, Nissen Piczenik ansiava pelas profundezas do mar, onde — como pensava — cresciam corais guardados pelo incomensurável e poderoso Leviatã. O aparecimento súbito do "diabo Jenö Lakatos", que introduz corais falsos na região, representa uma reviravolta na pacata vida de Piczenik.
O recurso sistemático ao estilo do conto maravilhoso constitui, por parte de Joseph Roth, uma tentativa de dar vida, embora de uma forma utópica, ao microcosmo da sua terra natal, a Galiza, que então se encontrava em desmoronamento irreversível. Esta e outras histórias de Roth são, por um lado, uma homenagem à velha monarquia austríaca que, na sua opinião, era a pátria de todos, e, por outro, a toda uma região — agora desaparecida — em que, segundo Paul Celan, viviam pessoas e livros.